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'SE CALAREM AS VOZES DOS PROFETAS AS PEDRAS FALARÃO'








terça-feira, 6 de julho de 2010

"O amor maior"


por Reinaldo B. Reis
coordenador estadual da RCC/SP

“Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida por aqueles a quem ama” (Jo 15,13)... Isto, se dito assim de maneira isolada e sem comprometimento da parte de quem o diz, pode, quando muito, soar bastante poético, mas não implicará em significativo alcance. Não foi assim com Jesus de Nazaré. Ele realmente levou às últimas conseqüências aquilo que pregava, quando afirmava ser o bom pastor que não faz caso da própria vida por suas ovelhas” (Jo 10,11).


A doutrina de Jesus não se fundamenta em bonitas especulações filosóficas, ou em afirmações abstratas, apenas teóricas. E fez o que fez não porque fosse Deus, mas porque, por amor aos homens e obediência à vontade do Pai – que queria de volta para Si todos os seus outros filhos –, assumiu nossa natureza humana, pagando ao preço da própria vida a nossa salvação.


“Fostes comprados por um grande preço”, afirma Paulo aos Coríntios (I Cor 6,20a). Que preço foi esse? “Adquiriu-nos com seu próprio sangue”, confirma Lucas (At 20,28b). Quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós (Rm 6,8b), entregando-se por nossos pecados, e ressuscitando para a nossa justificação (Rm 4,25). Porisso, há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem, que se entregou como resgate por todos (I Tm 2,5).


Muitas vezes, acostumados que estamos a ver a violência e o sofrimento alheio emoldurados por belas e coloridas reportagens televisivas – geralmente, acomodados tranqüilamente em um confortável sofá –, não percebemos a angustiante tragédia que teve lugar um dia, naquele ignominioso calvário, com Jesus, travando com a morte, às custas de indescritível sofrimento em Sua própria carne, uma luta de cujo resultado dependeria o destino eterno de todos os homens, de todos os tempos... pois “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de uma multidão” (Mt 20,28).


Com Sua vitória, risca-se do vocabulário cristão a palavra ódio, o desamor, a desunião... Porque Ele deu a vida por cada um de nós, a Sua doutrina faz sentido, e já somos capazes de amar até os inimigos, orar pelos que nos perseguem, e perdoar o pior dos algozes... E devemos, a exemplo dele, deixarmo-nos consumir por amor à Sua Palavra, e, apaixonadamente, “perder a vida” por causa do Seu Reino; pois Ele nos dá a garantia de reencontrarmo-la, definitivamente (Mt 16,25)...


Que o Espírito Santo nos conceda o dom da Fortaleza para que, se necessário for – quem o sabe? –, não apostatemos de nossa fé e de nossa profética missão, ainda que ao preço de nossas pobres vidas...


Oremos com o teólogo italiano, Bruno Forte, este belíssimo poema em honra a Jesus crucificado:


Senhor Jesus,
Deus crucificado pela vida do mundo,
ajuda-nos a ouvir o silêncio eloqüente
de tua paixão,
revelação do infinito Amor.

Faze com que saibamos reconhecer
em tua morte, a morte da morte;
em teu abandono,
o dom d’Aquele que te abandona.

E na força do Espírito Santo,
divino Consolador da dor
incomensurável da hora nona,
faze com que saibamos
abandonar-nos contigo nos braços do Pai,
para transformar a história da nossa dor
e de todo sofrimento humano
na história do amor que vence a morte... Amém!

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