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'SE CALAREM AS VOZES DOS PROFETAS AS PEDRAS FALARÃO'








quarta-feira, 30 de junho de 2010

S. João Batista e os mártires de hoje

Depois da solenidade universal dos apóstolos São Pedro e Paulo, a liturgia nos apresenta hoje a memória de outros cristãos que se tornaram os primeiros mártires da Igreja de Roma, por isso, protomártires.

O testemunho dos mártires da nossa Igreja nos recorda o que é essencial para a vida, para o cristão, para sermos felizes em Deus, principalmente nos momentos mais difíceis que todos nós temos.

Os mártires viveram tudo em Cristo.

São João Batista também viveu isso. Sua morte violenta nos faz refletir sobre as vítimas da violência em nossos dias e sobre o sentido que devemos dar à própria vida.

Por que S. João Batista foi martirizado? Poderíamos dizer que a causa imediata de sua morte foi ter denunciado o casamento ilegítimo do rei Herodes com a própria cunhada. Esta, cheia de ódio, usou sua filha para pedir a cabeça do Profeta, obrigando Herodes a mandar decapitá-lo na prisão, apesar do medo que tinha da reação do povo.

Mas, na verdade, a morte de João Batista teve causas muito mais profundas. Como profeta ele era possuído pelo Espírito de Deus, apaixonado pela Verdade e comprometido com a justiça. Em sua pregação era implacável em denunciar tudo o que estava errado. Tinha consciência de sua missão de precursor do Messias e empenhou todas as suas forças com coragem e humildade para “preparar os caminhos do Senhor” (cf. Mt 3).

Pessoas como João Batista, que se entregam à Causa do Reino de Deus e se comprometem até às últimas consequências, ainda hoje tem o mesmo destino que ele. Os sistemas de poder têm uma aversão natural a todos aqueles que não compactuam com as injustiças, com a exploração dos pobres, com a corrupção e com a destruição da vida. Infelizmente, ainda hoje, muitas pessoas são martirizadas em nosso país e no mundo, como aconteceu com a Ir. Dorothy Stang há menos de cinco anos, com Chico Mendes em 1988 e com tantos outros que derramaram o próprio sangue para que outros pudessem viver melhor.

Nenhum deles queria morrer, mas por coerência, por amor à Causa, a Deus e ao povo, não recuaram diante das ameaças de morte. Assim foi João Batista, assim os profetas e mártires do nosso tempo. O martírio hoje e em todos os tempos deve nos ajudar a refletir sobre o sentido da vida, que é Dom de Deus e deve ser cuidada. Sempre é um sinal profético para nos posicionarmos a favor das vítimas da violência, da injustiça, da impunidade e da hipocrisia de nossa sociedade que reduz as pessoas ao consumismo e ao vazio existencial.

O verdadeiro mártir é alguém que, movido pelo amor, coloca sua vida a serviço da humanidade. - Como Jesus, morre para que outros tenham vida e nunca por uma recompensa futura ou para tornar-se ‘um herói’. - Jamais para tirar a vida de pessoas inocentes, como vemos hoje nos noticiários a triste trajetória de homens e mulheres-bombas.

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