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'SE CALAREM AS VOZES DOS PROFETAS AS PEDRAS FALARÃO'








domingo, 21 de novembro de 2010

Saudade de Deus

Dizem que religião quer dizer "religar". Se é religar, então, é porque antes havia duas coisas interligadas. Mas, que realidades são essas que estavam unidas antes da ruptura? Seriam Deus criador e o conjunto da realidade a ser criada? - Não sei. Talvez ninguém o saiba. Mas, de uma coisa temos certeza: carregamos uma espécie de saudade do infinito ao longo da vida. Temos um vazio que pede preenchimento, uma lacuna que pede complementação. Acontece que só podemos ter saudades de algo que já experimentamos, anteriormente. Temos saudades de alguém quando sua ausência evoca sua presença. Platão, um filósofo grego, dizia que a alma, antes de experimentar esse mundo, já havia experimentado a plenitude de Deus no mundo das idéias. Pobre de nós, que nem podemos afirmar isso, com a mesma convicção de Platão. Particularmente, penso que sempre existimos no plano de Deus. Somos uma espécie de concessão para o mundo onde devemos testemunhar o amor de Deus. Ao final de curso de nossas vidas, voltamos para Deus. "Nele nos movemos, existimos e somos" (Atos 17,28). Ele é o oceano onde navega o barco de nossa existência! Na verdade, habitamos em Deus, mas, facilmente nos esquecemos disso quando pecamos. O pecado é o que destoa a convivência harmoniosa do barco com o oceano. Ele faz entrar água salgada em nossa embarcação e as conseqüências disso são graves. Elas afetam até mesmo a natureza. A poluição, por exemplo, pode ser conseqüência da ambição desmedida de muitos. Nesse caso, é fruto do pecado. A natureza sofre em dores de parto, aguardando a libertação dos filhos de Deus (Romanos 8,22).
Temos saudades de Deus. O salmista dizia: a minha alma tem sede de Deus como a terra sedenta e sem água (Salmo 42,3). Apesar do pecado, Deus está sempre disposto ao laço de amizade conosco. Aqui entra o papel da religião: Ligar novamente o homem a Deus; ser ponte de união. Tomara que ela esteja cumprindo bem esse papel.

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